Serafins tristes
A rua vinha com gosto de brisa e desejo na vista,
Era de ir o tempo quebradiço,
Acolá foi desenhado a lápis, à mão
Após o depois, veio o agora com tinta
E um bocado de cor.
Só que impossível largar as lágrimas de cristais,
Os diamantes líquidos,
As sedas de prata
No transparente vidro de ar
Que não impede minha caminhada de quem
Flutua quando lê.
Pula debalde
Na esquina um alemão,
Noutra, eu,
Eu, um outro,
Nisto, estão
Estão, este pouco
E o mais de mim.
Levita o esquerdo contrário ao direito,
Nestes,
Monto no destro a culpa canhota
Quando do nada o vento levou-a propalando
Pelas calçadas que tive medo de navegar.
Lados jardins atravessam os passeios descoloridos,
Voejam alamedas, capturam flores,
Apossam ágeis das lindas cores,
Mas de nada adianta,
Pobre! Nada muda,
Nada ajuda
Quando sem graça,
Sem graça é.
É que escapolem delicados espinhos da alma
Se lá, ela está,
Se aqui, cá estou.
Relances embaciam, olhe lá!
Estejas aí a pôr regaço nas colunatas víveres
No amotinado sobejo deste.
Aporto a mim a acompridar frouxa dor
Com retrós falas dardejantes,
O que tem ela agora nas mãos?
Um livro,
Ou o poema dele?
Um pedaço obeso de chocolate?
Nas unhas, esmaltes,
Nos esmaltes, unhas?
No rosto, maquilagem
Na maquilagem, um rosto?
Na face lágrimas,
Nas lágrimas mais que uma bela face?
Mais, muito mais que uma
A única, única que anoitece.
Pula debalde
Na esquina ela,
Noutra, eu,
Eu, um outro,
Nisto, estão
Estão, este pouco
E o mais de mim