Serra, Mar e Sertão
Temos mais do que uma bruta força
Há grandeza em nossos espíritos
Nos levantamos em serras e picos
Que tocam a neblina como se fossem cabelos
de uma bela moça.
Rompe-se assim no sertão
Um grito verdejante que a dor não sufoca
Esbraveje para eles Araripe, Baturité e Meruoca
E mostrem-se em exuberância e emoção.
Abra teus braços Serra Grande
E acolha meus passos errantes
E que o canto dos pássaros me embale
E que tuas nascentes jamais se calem.
Minha terra é como uma mulher cativante
Onde conquisto sua parte mais misteriosa
A libido úmida de espumas de ondas
voluptuosas
Que lambem a areia desse mar navegante.
Nasci nesse chão batido
Onde o sol feito fornalha deixa-o rachado
Sou filho desse habitat cinza e castigado
Onde um povo simples e valente nunca é
vencido.
Nesse sertão nascem meninos
Que logo são chamados a serem homens
Ignoram qualquer duro destino
E comem até sua própria fome.
Crescem em meio a repetidas secas
E a enchentes inesperadas
Vencem latifúndios de tristes cercas
Pois sua natureza é antes de tudo forte e
obstinada.
A estrada sempre esteve aberta
Como uma amante amarga e certa
Que fez espalhar em todo esse universo
Uma cearensidade em verso
Vegetação de caatinga
Que logo se veste de verde
Com a primeira chuva que respinga
Matando meses de espera e de sede.
Te conheci e te amei
E numa relação de recíproca cumplicidade
Me elevas em serras
Me encantas em verdes mares
E me desafias em sertões.
E tinha de ser assim cheia de contrastes
Minha mãe, amiga, mulher e amante
Que sempre me amastes.
Esse foi o poema que me deu o segundo lugar no concurso de poesia promovido pelo governo do Estado do Ceará. O tema foi proposto pelo concurso. Fala de uam terra que tem muitos encantos e desafios, assim como nossa vida.