SIMULACRO DE POETA
"SIMULACRO DE POETA"
(Poesia; fostes céu, inferno, luz, escuridão, pó e universo no meu caminho. Letra a letra, verso a verso, procuro-te sou teu peregrino)
No lugar dos sonhos, busco a inspiração perdida.
Antevi miragens pelos caminhos da utopia
A opaciade da mente oculta a fantasia
O corpo cansado transporta a alma dolorida.
No declínio dos dias, ao muro do meu desgosto,
Sou ponto e vírgula do verbo; poeta esquecido,
Filho de fogo-fátuo que tremula esmaecido
Enquanto o sonho se incendeia e perde o rosto.
(Letra a letra, verso a verso, apenas existo na saudade de mim. Intrínseca ansiedade de desejo libertino)
Rasgo o tempo, seguindo os sons da redenção,
Num mundo mágico sem pontos cardeais.
Quero lá saber das vírgulas e dos pontos finais!
Apenas junto letras decantadas na inspiração.
No vórtice da última labareda da ilusão,
Morfeu pergunta-me; quem sou e por onde vou?
Não sei quem sou e só estou bem, onde não estou.
Sou simulacro de poeta que caminha sem direção.
(Por caminhos da poesia, letra a letra, verso a verso, o destempero da palavra vai compondo o meu destino)
João Murty - 11/09/2017
Foto: NASA