"Sinhá"

Ó Sinhá que acolhe

Minha razão e sobresalta 

O desejo de adoração

Tu acarinhas o medo

Enterras o horror

És a pérola mais querida

 

És o poema do qual 

Não sei escrever

E o meu castigo por não o fazer

Não vejo em ti um defeito precógnito

Tens uma comoção abundante

 

Neste incerto presente

Comodas-me sem toque, 

Sem fala, sem proximidade

Apenas com as minhas visitas

Á nossa ultima recordação

 

Tens justeza no corpo

Amortizo as minhas mentiras e recaídas

E descortinarei a minha

Saborosa façanha

Deixarei o sol singrar

Para que a sorte e o destino

Conceda-nos um beijo seleno

 

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