Sobre nós e o sofrimento
Prometeu o tempo que o teu sofrimento lento passará.
O vento, perto do momento certo, começará a limpar,
A passo lerdo, lágrimas de preto em pleno luar.
O cinzento porta um opulento sentimento de azar
Que pinta de nebulento o significado do que é o ser e o estar.
Nesta vida nada é perfeito… Nem sequer estes versos,
Que nunca chegarão a formar um soneto.
Cento e vários instrumentos tocam, em tom menor,
A melodia da tristeza que muitos levamos por dentro.
O centro do epicentro sentimental do ser ora ferve, ora arrefece.
Mas o vento sempre passa, com novos ares e por novos mares.
E de mais lágrimas negras outra vez se encarregará
Até que o último mortal chegue ao seu instante fatal.
Ele é pontual e vai de mãos dadas com o tempo, que gosta de demorar.
A felicidade e o sofrimento agem na sua respectiva hora e no seu respectivo lugar.