Sobre ser sensitivo

Sobre ser sensitivo

 

Para algumas pessoas céticas, ser sensitivo é frescura, ou, essa é a ideia mais genérica de quem não é sensitivo. Mas permitam-me comentar sobre o tema.

No início dos anos 80, estava eu na rodoviária de Belo Horizonte, onde pegaria um ônibus da Itapemirim com destino a Recife. Tinha comprado a passagem um dia antes, mas no dia do embarque, sete horas da manhã cheguei na rodoviária, meu ônibus partiria às oito da manhã. Passei pela sala de embarque em direção ao ônibus, que já estava estacionado quando cheguei.

Entrei na fila para o embarque, quando chegou a minha vez de entrar no ônibus, assim que entreguei o meu bilhete de embarque, um frio percorreu toda a minha coluna, fiquei arrepiado literalmente e totalmente, senti um formigamento nas mãos. Quando o homem que controlava o embarque segurou o meu bilhete de embarque, olhei para ele e não consegui ver os olhos dele, incrivelmente, não sei como, mas eu não conseguia ver os olhos do homem, mesmo estando perto dele.

Achei muito estranho e não subi a bordo, algo me dizia que eu não devia viajar, não sei o que me dizia, só sei que eu sabia que não devia subir naquele ônibus.

Resultado, não subi no ônibus, fui até o primeiro andar e comprei outra passagem, em outra empresa, no outro ônibus que sairia uma hora depois daquele. Ao entrar nesse segundo ônibus não senti nada, então viajei mais tranquilo. Seguiu-se a viajem.

Na manhã do dia seguinte, já no estado de Alagoas, o primeiro ônibus que eu deveria ter tomado, o da Itapemirim, havia se acidentando. Caiu numa ribanceira e várias pessoas morreram nesse acidente.

A estrada estava engarrafada, a polícia rodoviária já estava no local, como também ambulâncias e carros de bombeiros, pois o ônibus incendiou. No jornal, dia seguinte dizia que várias pessoas morreram carbonizadas neste acidente.

Fiquei vários dias chocado, por não ter avisado, ou não ter feito nada para avisar que alguma coisa estava errada com aquele ônibus. Mas são coisas que só os sensitivos conseguem perceber.
Mas nem sempre é possível avisar, até porque, eu mesmo só acreditei quando o ônibus que eu estava passou no local do acidente e eu vi a numeração do ônibus. Era o mesmo que eu devia ter pego em BH e não consegui entrar nele.

Um comentário.

Para quem tem filho autista, saiba, é uma das formas de sensitividade, porém, geralmente deixa essa pessoa muito introspectiva, mas de forma tão forte que a pessoa passa a não dar importância ao mundo real e concreto onde ele está. Onde se confunde, (o afetado) se aquilo que está vendo e vivenciando é realidade ou se é sonho. Pois os sonhos de um autista são tão concretos que o faz duvidar da sua própria realidade. Para um autista, onde você vê realidade, ele vê como um ambiente do sonho.

Charles Silva

 

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