Sonhos Náufragos

Dizem que são os sonhos
Quem nos comanda a vida.
Pois então eu estou morto,
Porque em mim o sonho morreu!

Não há motivação ou ambição,
Apenas tristezas e cansaços.
E até a esperança vai acabando
A cada minha nova golfada de ar!

O meu íntimo grita socorro
Mas os ouvidos alheios tapam-se...
Nunca há quem o queira escutar,
Não há ninguém para se preocupar!

Sou uma nau à deriva, um náufrago
sem ilha ou um porto de abrigo!
Respiro, mas caminho sem direção,
Não tenho nem utilidade nem alegria...

A racionalidade esmaga-me os desejos
Que tentam, bravios como ervas daninhas,
Furar o alcatrão duro da razão.
E eu, impotente, não acho uma saída...

Este mal, que em mim fez crescer
Raízes entrançadas na minha alma
E fechou as suas garras de rapina
Para não mais me largar, deixar cair,

Esta negrura amarga e apática,
A que talvez possam chamar depressão,
Apoderou-se de mim como cancro,
Metastizou em minha alma e coração!

É urgente ressuscitar os sonhos,
Fazê-los emergir dos densos mares,
Dos oceanos escuros, frios e fundos
Onde mergulharam sem saber nadar.

Género: