Sou
Se somos o resultado das viagens que fazemos, da música que ouvimos, dos livros que lemos,
Então, sou uma andorinha habitante das rochas naturais que persuadem o mundo,
Sou alvorada feliz e o piscar de olhos salgado dos enamorados que adormecem sob a luz do farol.
Sou castelos de areia e pulgas-do-mar.
O cais do embarque em pleno alvoroço alheio.
Sou o tambor que ecoa e respira nas muitas noites nostálgicas, assistidas por sereias.
O pescador ansioso, preenchido de esperança de que amanhã já pode por a mesa.
Sou a pedra enxotada, mergulhando na eternidade.
A fotografia imortalizada e o postal traçado.
Sou a testemunha de que os horizontes existem e a verdade de um bilhete sem regresso.
As sonatas de Beethoven e o noturno de Chopin quando intrinsecamente dolentes.
Sou em palavras; “eu” de Florbela Espanca,
Quiçá, prolixa como Clarice Lispector.
Oradora dos meus dizeres, aprendiz pelos livros de outrem.
Sou acima de tudo (do pouco que existir), o melhor que poder fazer e conhecer.