A tela chorou
Eu estava sentado,
A ver nuvens a passar,
Em ti a pensar,
E um raio de luz,
Rompeu pela escuridão,
Entrando pela janela,
Iluminando a tela,
Onde tinha-te pintado,
Desenhado o brilho do teu rosto,
Com traços metricamente perfeitos,
Da tua cintura delinear,
O delicado teu corpo,
Onde o tom da tua pele fez-se realçar,
Onde tempos dediquei,
Que amei ao desenhar,
A pintar...
E nesse romper da Lua a cintilar,
Senti a saudade no coração a entrar.
Olhei a tela,
E vi tinta a escorrer,
Dos últimos retoques,
Que tinha dado,
Ao teu olhar azulado,
Que pensava ser borrado,
E limpei...
E retoquei...
E novamente escorreu,
Um traço azulado,
De lágrima a cair,
E ao pensar em ti,
Telefonei-te...
Estás a chorar?
Estou, como sabes?
A tela está a falar...
Imagem net, Quadro de Rembrandt
27/10/2016 ©copyright Poeta sem cor