Tempestade elétrica

 

Casa de inverno nos rumos perdidos.

 

Sexto em vírgula explosão dos que se iludem

Perante sonhos de faz-de-conta,

Aos que definham

E aos que são pulsos mecânicos.

 

Damas e dedos com toques mentirosos em gritos de raivas,

Nada além,

Tudo porém

 

Vestidos rodam por cabeças pecaminosas

Decapitam faces pinturas tintas do vivo

 

As crianças mortas disseram

Diálogos impromptus

Contos do só

Seda do vazio

Estéril febre dos que sofrem

Estéril fungo dos que gritam

A acordar todas as vidas que se foram

Em veículos caixões amantes de terras e vermes.

 

Ombros mãos acalentam costas e formas

Mesclam entes nascidos

Dos calados mudos braços

 

Cada um dentre pinças

Dentre surtos aos que dormem por medo

Cada um dentre estiletes

Dentre espinhas dos que soluçam por água

Há um encontro por debaixo do fim do mundo esfolado

Sangrando todas as pestes demoníacas,

Ausentes dispersas

Com choque língua e miudezas sem nexo

Pendidas em pedestais selados.

 

Um rosto de criança amanhece no berço estúpido podre

Dos feitiços fracos que põem medo

Cada vez que há sono,

Cada vez que a carne sofre as chibatadas do cansaço

 

Éramos aves a voar todas as peles feitas de giz,

Éramos asas em braços abertos para infinitos tristes

 

Falamos dos séculos esquecidos

Das rainhas enrugadas esquivas do jovem

 

Sobrou um til e nada mais

Somos assim em farpas e feridas

 

Disseram sendas em brotos entupidos

Falas do nascimento ao velório

Buscamos o sussurro se vemos lábios motores

Ligados ao movimento como queimar pavios

Dos trinetos que deram lugar aos que sentem em veias

O quente abotoado espirro de corações...

E os ventos venceram as dobras dos dedos

 

Somente Ana tem a voz que vence a noite pedrada

Emparedada

 

Custaram dois anos os simples passos da varanda ao porão

Ajoelhado ante ao crucifixo enferrujado

 

Fomos crianças brincalhonas nas madrugadas das cinco horas

Com pernas a correr do amanhecer transparente.

 

Se somos velhos então seremos trincas abrindo serras verdes

Em estéticas latrinas esculpidas por tempos a pensar.

 

Crescemos em manhãs fujonas necessitando de pureza.

 

Sombras sorridentes com dores de fim de cria.

Era aquela imagem quase nua e louca

De único rosto por detrás dum alento.

 

Tesouras passeiam no corte do horizonte papel amarelo

Borrado de sol medroso

Na sova delicada amanhecida na face

 

Coçaram os severos séculos feridos,

Depois cuspiram no olho cósmico átomo do universo.

 

Cânticos de bruços e brincadeiras mortas

Após verdades mentirosas.

Restaram lençóis e corpos dormidos,

Sonolentos sonsos e depressa deprimidos.

 

Unhas sem sentido no significado das pontas dos dedos,

Dedos sem nexo no sexo da mão,

Mãos sem forma no invento do agarrar.

 

As cabeças do mundo caíram e quicaram morro abaixo.

Demorou um susto e dois vinténs.

 

Os que estavam na frente ficaram para trás,

Qual culpa?

Qual força?

É simples capturar lajotas

Lajotas capturam pilhas de claras foices maçãs de rostos

Tão em

Então.

 

 

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