Tempo de súplica

Rui Massena - Família

Desatei às portas da noite
 
o nó de meus nómadas
 
arredores vadios
 
contornei as ânsias
 
no espaço livre que me ofereces
 
 
   Enlacei este dia
 
com fios de vida acorrentados
 
à fome que alimenta a fartura
 
de tantos desejos insânos
 
 
  Soltei as rédeas
 
em cada verbo mais livre
 
afrontei-me na sofreguidão
 
alucinada do tempo
 
por cada súplica virtualmente
 
predita em profecias reconquistadas
 
na fissura dos ventos
 
 
 
   Encontrei-me simplesmente
 
no esconderijo das nossas sombras
 
revelando tuas simetrias onde
 
relaxo as emoções
 
embebidas no vazio
 
de tanta plenitude
 
empolgada,contagiante
 
travessa
 
oh…bem aventurada poesia
 
assim dissimulada que me deixas
 
escravizado e moldado à tua
 
pulsante e ávida partícula quântica
 
onde saboreio tua formosura
 
urdida em paz e silêncios
 
regurgitados
 
até à última e indescritível súplica
 
que se esvai, felina
 
nas encruzilhadas temperadas
 
de miragens ressuscitadas
 
em ciclos de amor e poesia
 
vertiginosamente consumida
 
FC
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