*A TERRA*

Fecundarás a terra com o suor do teu rosto.

Cavae, eternamente, a velha terra!
Soffrei, suae, gemei na dura enxada,
Fecundae-a na paz ou pela guerra,
Quer seja pelo arado ou pella Espada,

Ó Homem! trabalhar é tua herança
Até que a Morte, emfim, grite--descança!

É a Arvore a tua companheira
O lar, a tenda, a sombra de teus passos,
Da tua amante a perfumada esteira,
Como bençãos t'estende os longos braços!

E ou seja em teu inverno, ou teu estio,
E teu berço, teu leito, e teu navio!

É preciso que as lagrimas que correm
Façam crescer dos cardos os trigaes,
E por cima dos corpos dos que morrem
Se ergam verdes loureiros triumphaes!

É preciso que em paz ou pela Guerra,
Com pranto, ou sangue se fecunde a Terra!

É preciso caval-a!--nos teus braços
Luza a enxada ou o gladio de destroços!
A vida é curta--e breves nossos passos,
E as flores vivem, crescem sobre os ossos!

E o berço não é mais, ó creatura!
Que a linha d'união á sepultura!

É preciso que a Morte, a dôr e os lutos
Se transformem em vinhas ostentosas,
Nossos prantos convertam-se nos fructos,
Do sangue dos heroes tinjam-se as rosas!

Soffrei, lutae, morrei, ó infelizes!
--O vosso sangue é util ás raizes!

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