Theatrum mundi

O homem protuberante de sentimentos atua pisando no asfalto. Vindo dum clichê, remanesço novamente a teatralidade pública: mas creio na máscara como a superior realidade. O ator e o homem público não são metáforas, são a amálgama da mesma essência; vejo-o como uma máquina autônoma, gesticula e tem suas próprias vontades inibidas pelo papel. Tomo a exemplo as aleatoriedades da vida mundana, a vida real é constrangedora e namorada dos erros; um homem, ao bater o pé na quina da mesa, estará sujeito à espontaneidade, podendo maldizer a quina, ou a pessoa que riu da situação, ou saltar após sua infelicidade frases irônicas e engraçadas. No teatro ele sentiria mecânica e artisticamente o ato. Sou a favor da máscara como égide do ridículo, prefiro atuar dando a mão a um hipócrita do que infantilmente demonstrar minhas impressões sobre ele. No teatro tudo é demarcado, deixa as imperfeições na esfera pública, brindando-nos com uma existência mais tolerável.
 

 

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