A ti, uma Carta de Amor, para nós...

Um começo maior que desalento,
Uma chama maior que a queima,
Uma luz maior que a cegueira,
Desejos estes percorrem o mundo.

Quando levando cabeça minha e olho
A graça majestosa das aves,
Dou por mim a voar ao seu pé
Sem pensamentos, livre de pesares.

No céu aberto deste reino de letras,
Vejo-te na distância oculta e distorcida,
Uma estrela nesta névoa desgastante
Que se dá pelo dia sim, dia não.

Porque tem de ser Amar tão conflituoso?
Porque deve tudo ser enraivecido mar
E não uma melodia de encantar?
Não sei, mas devem saber as Trevas.

Cantam os trovadores uma serenata
E eu ouço de mente muito farta
De admirar o que não consigo viver,
Como um castigo a crime que queria cometer.

Azul é o céu, e negra é a noite,
Apenas em um o cru coração se revela
Pouco astuto no seu pesar, pois
Astúcia, como cristal, se fez em três e não dois.

Tantos corações, ainda mais são as almas,
Num redondo canto de terra e água
Que brande os infernais toques celestes,
E só o meu mostra-se descontente em dançar.

Chama do meu gelo, água para a minha raiz!
Embrulha-me no teu abrasador toque
E torna-me inteiro por mais um minuto,
Já que apenas assim posso te ver naturalmente toda.

Deusa tão bela que não és sonho,
Conquistaste-me com o teu floral encanto
E tomaste-me como teu sem pensar,
Pois sentimentos não são reais se pensados.

Mas deuses dizem-se serem fantasia,
E assim defendem esses céticos palermas;
Que se mantenham assim, porque não quero
Perder a estrela do Céu que caminha a Terra.

És a minha flor, e mais não sei gritar,
Pois sem voz fiquei de tão expressar
Este Amor que te tenho, Flor;
Por ti anseio, mais que o meu patético fim.

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