Tibio o sol entre as nuvens do occidente
Tibio o sol entre as nuvens do occidente,
Já lá se inclina ao mar. Grave e solemne
Vai a hora da tarde!--O oeste passa
Mudo nos troncos da alameda antiga,
Que á voz da primavera os gomos brota:
O oeste passa mudo, e cruza o atrio
Ponteagudo do templo, edificado
Por mãos duras de avós, em monumento
De uma herança de fé, que nos legaram,
A nós seus netos, homens de alto esforço,
Que nos rimos da herança, e que insultamos
A cruz e o templo e a crença de outras eras;
Nós, homens fortes, servos de tyrannos,
Que sabemos tão bem rojar seus ferros
Sem nos queixar, menosprezando a Patria
E a liberdade, e o combater por ella.
Eu não!--eu rujo escravo; eu creio e espero
No Deus das almas generosas, puras,
E os despotas maldigo.--Entendimento
Bronco, lançado em seculo fundido
Na servidão de goso ataviada,
Creio que Deus é Deus e os homens livres!