Tirem-me tudo, excepto a memória do teu rosto, morreria feliz...

Quero saber-te de mim meu amor, nos instantes tangíveis quero que sejas matéria fina, de extrema elegância, de extrema delicadeza, nos instantes intangíveis serei um amontoado de partículas finas de pó de ouro, aquelas partículas que podem tocar suavemente no rosto e moldá-lo para que fique encantadoramente belo. Mas não é necessário o embelezamento porque a tua natureza é rara, vens do sítio do universo onde tudo é de uma beleza intrínseca. 
No agora quero que saibas que te amo, como se amam as criaturas invisíveis que habitam no coração das almas aladas, como é a minha. Sou de um tempo que ainda não chegou, sou filha das horas que não passam. Flutuo e vou pousando em cada uma das várias árvores da vida com que me vou cruzando aqui e ali. Serenamente aguardo que um dia me vejas, que seja notada a minha presença, que afinal não está assim tão invisível ao olhar. Nesse dia, se o houver, serei dona de uma felicidade sem par. Caso não chegue esse momento, meu amor, ante a tua beleza, só me resta partir para o fingimento, aquele fingimento que habita no planeta morno, no planeta onde se fica assim, na calmaria aparente, onde o mar nunca se revolta, onde a água nunca fica em ebulição.
Ficarei em suspensão, esperando que a minha presença um dia seja notada.
Podem tirar-me tudo meu amor, excepto a memória do teu rosto, morreria feliz... 
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