Todo poeta é sádico

Todo poeta é um fetichista
A folha em branco machuca
O escritor é sadomasoquista
Sente angústia pelo vazio:
Vazio branco, ideias perdidas
Escura insegurança, mas
Prazer pela incerteza.
 
Todo poeta se autoflagela
Sangra nos dedos e pinga
Trabalhos inúteis no papel
Sempre prestes a anemia
Saúde decai diariamente
Versos doem, estrofes
Atrofiam, rimas fadigam
 
Todo poeta é indômito
Não vive no julgo do medo
Muito menos da perda
Sofre muito, mas gosta
É submisso e dominador
Nasceu escravo e senhor
Sua cruz predestinada
Não tem culpa pela faina
Artística, só que ele morre
Dia pós dia, e não liga

Todo poeta é um doente:
Escrevendo na carne
sermões, lições profanas
Da sua própria mente

 

Género: