Tormentas (Escrito aos 16 anos).

Aquilo que vos vou contar passou-se deveras comigo e tal foi a violência e o elevado risco que só sobrei eu e mais quatro para contar a história. 
Pois bem, éramos 15 ao todo que viajam numa caravela, há já muito tempo, aquando por muitos perigos e aventuras passadas e novidades fabulosas que mais tarde seriam relembradas com muita vivacidade. Mas desta aventura, nem que viva 100 anos meus amigos, eu nunca me vou esquecer. 
Era de noite e estávamos a navegar pelo oceano pacífico em busca de novas terras, enfim de algo novo que nos tornaria mais tarde uns verdadeiros heróis; quando reparámos que algo nos seguia, o mar estava calmo, mas o barco balançava há medida que íamos navegando, começamos por sentir receio, mas também curiosidade. E perguntávamos-nos sobre o que seria aquilo? Como era de noite não conseguia-mos ver nada, apenas sentir. Optamos por ficar de vigia, fosse ou fosse não nos podia apanhar de surpresa, mas como tinha sido um dia cheio, acabámos por adormecer pelo cansaço. 
Já a noite ia longa quando sentimos um estrondo na caravela, algo tinha batido no casco, que acordamos todos atordoados e assustados para ver o que se passava, quando houve logo de seguida um novo embate e agora mais violento que o primeiro ao mesmo tempo que emergia das profundezas um barulho ensurdecedor, que nos deixou ainda mais assustados porque não conseguíamos ver o que era, mas deduzíamos que seria algo enorme pelo barulho, pelas investidas há caravela e por andar as voltas da mesma. 
Passado um pouco tudo acalmou e a caravela deixou de abanar, o mar também sossegou, e parecia que finalmente o pesadelo tinha acabado, seja lá o fosse foi embora dali. Ainda a medo, dirigimos-nos às beiras da caravela para notar alguma movimentação, mas parecia tudo calmo, nem sinais do que nos amedrontava. Depois de nos assegurarmos de que estava tudo bem, e podíamos finalmente respirar de alivio fomos dormir. Mas foi só voltar costas que voltou o barulho das profundezas junto com ele toda a força da água do oceano, o barco abanou e virou, a estranha criatura parecia disposta a afundar a nossa caravela e levar-nos junto com ela. Eu tentei nadar para um local seguro o mais rápido que conseguia pedindo apenas para que as forças não me falhassem, ainda consegui trazer o Freitas comigo para fugirmos.
 Acordámos pela manhã: eu, o Freitas e mais três, numa praia, junto com os restos de madeira da Sereia do Mar, que foi impotente para tão grande investida. Salvámos-nos a muito custo, posso dizer, fomos talvez os únicos que sobraram para contar a história como se costuma dizer. 
Até hoje não desconfio do que fosse aquela criatura, mas a verdade é que nos deixou aterrorizados ao ponto de não deixar saudades a vida do mar e de lá voltar pelo medo e tristeza da tragédia que aconteceu naquela fatídica noite.
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