"Tu"

Falei hoje sobre ti.

Falo sempre sobre ti, mas ninguém ouve. 

Falo contigo, mas nunca estás cá.

Prefiro pensar que já morreste, 

e aceitar o luto que é a tua ida.

O pior é saber que nunca mais.

Nunca mais serei, e tu nunca mais serás, 

e nunca mais seremos,

nem nunca fomos.

Não posso dizer que não penso em ti.

A tua importância é-me tão importante como a água que bebo,

e em que me apetece afogar sempre que te penso.

Gostava que tivesses ido embora de outra forma,

e que tivesses tido uma morte mais lenta, 

para que te pudesse beijar nos últimos minutos,

limpar as tuas lágrimas da face,

e limpar as minhas até se esgotarem,

e a fonte do nosso combustível se dissipar.

Nunca te mereci,

mas tenho a ânsia de te merecer,

merecer um amor que pensei que iria ter contigo,

mas que serei obrigada a replicá-lo com uma réplica,

que nunca será igual a ti, 

e nunca serei igual sem ser contigo.

Poderia escrever versos até Deus trazer-te até meus braços,

e enrolar-te nas minhas mãos,

retirar os teus óculos,

e adormecermos na melancolia que é a fantasia.

Penso bastante se pensas em mim, 

e se, secretamente,

teremos uma linha que nos juntará em cada rumo da nossa vida.

Nunca saberás deste poema,

nem nunca saberás que escrevi um livro sobre ti.

Nunca saberei se serias o tal, 

ou se serias a pessoa perfeita para o meu ser,

incondicionalmente apaixonado pel’alma que te conhece.

Sou demasiado nova para saber o que é o amor,

mas sei que serviríamos de exemplo para quem não o sabe.

Eras tão inteligente,

mas tão sábio,

que sabias que ias partir sem me conhecer verdadeiramente.

És-me causa para o meu choro, 

e pela rebelia de te querer viver de novo. 

 
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