Um dia serei a Antártida
Autor: Paulo Sousa on Tuesday, 10 May 2016
Quero dormir na Antártida
Esconder caimbras e assaduras
Tornando um apátrida
Em livros sem ranhuras
Não me movo, não prejudico
Escrevo sem ser profeta
Ouço a vida e calo o bico
Sem ter mensagem secreta
Não destruindo passo a criar
Está frio mas quero a Antártida
Para as lágrimas congelar
E aceitar-me sendo a sátira
Progresso torna-nos presos
Eu sou árvore e montanha
Corações saem-se ilesos
Do meu que não tem lenha
Não serei a fogueira
Para coração arrefecido
Aquecer sem fronteira
Num vácuo desmedido
Um dia serei a Antártida
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