Um Lá

Ontem pela primeira vez engatinhei risonho pela galáxia,
Vi Vênus e todos os mortos sorridentes,
Toquei algum choro de cristal,
Algum anjo sem humor todo cagado.

Sentado na cozinha fazendo-me de jantar da tarde,
Posso ver as conchas brilhando na praia,
Todos os Cavendishes solitários,
Todas as Galés romanas,
Todos gritos,
De todos os tempos.

Peço-lhes a vós peregrinos da culpa
Um pouco mais de calma.

Sei que ameacei a noite que encobre o dia,
Peço-lhes a vós peregrinos do mal
Violentem os pássaros da noite,
Sacrifiquem a maioria dos cabelos que ocultam uma devoção

Restam os joelhos manchados pela inocência
No encontro de pregos adultos a punir,
Fugirás para o que nunca serás,
Regressarás um dia sim,
Talvez quando trocar peles por terra com gosto de jardim.

Quem sabe
Se de repente me houver um beijo de amor,
Beijo até arrancado do ódio.
Os mesmos ecos e espectros
Ocultam-me com sono forçado
Em cabeceira de meses na sombra da espera
Trezentos anos me prometeste
E alguns palmos que dormem.

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