Um lugar no tempo

Não é descer, nem é subir 
Não é ficar, nem é partir
É esquecer e seguir em frente agarrado ao devir
 
É desconsiderar um aviso
É um não ter consciência do perigo
É abrigar um inimigo, abraçando um que é preciso
 
De resto a vida flui como um rio para o mar
Sem mais dessassosegar d'alma e de pele
Que não sejam abrir um umbrella, vestir um agasalho
Descansar de mais um dia de trabalho
 
Vou registando os sinais
Metodicamente,
É-me inelutável,
E incontornável.
O tempo passa inexoravelmente,
Não se sente até um dia,
O alvo x.
 
Como um plasmolisar da bela flor
O cair da folha que julgava perene
Mas é primavera agora
E será que é como se não fosse?
Ainda é primavera noutros lugares e noutros tempos
Em mim
Onde e quando?
Para mim o amor foi sempre primavera...!?
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