A Um Mestre Sala Morto

A um Mestre-Sala Morto

 

A avenida agora está enormemente vazia e silenciosa

Refletores apagados. No chão, apenas alguns confetes

Olham silenciosas almas de pierrots, arlequins,valetes

E a descolorida bandeira que ontem tremulava graciosa.

 

O samba-enredo revelou-se pobre, perdeu a harmonia

De tanto, conseguiu fazer dolentemente calado o surdo

E o reco-reco, o tamborim e a cuíca – um naipe mudo

De há muito que estão sós e nus – perderam a fantasia.

 

Pelo chão, agora abandonados, tantos e tantos adereços

São mil doídas homenagens que só provocam tropeços

Ao triste Mestre-Sala que – vencido - retira-se afinal;

 

E aquele Mestre-Sala – reconheço-o! - sou eu, que ia

Nas cinzas da quarta-feira, abraçado à última alegoria

Pedir a Deus uma nota dez nesse seu último carnaval!

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