A um passo da maresia

No fulcro do silêncio bate uma hora
Engalfinhada no tempo quase imóvel
Insatisfeito, insaciável, imprevisível…inexorável
 
Dos fragmentos da solidão deu-se a erosão
Em cada lamento magmático escorrendo
Qual lava da vida amachucada, dorida, desfalcada
 
A um passo da maresia banham-se as palavras que
Invento agora tão bem diagnosticadas, pousando
Depois entre as caricias de um longínquo verão ali evocado
 
A noite esfacelada pelas saudades enterra cada gomo
De luz mais conspurcada anestesiando quaisqueres
Silêncios ressoando numa brisa feliz e embasbacada
 
Frederico de Castro
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