UMA CIDADE DESERTA

UMA CIDADE DESERTA
Uma cidade onde as pessoas estão ausentes,
De ver a sua cidade, as suas gentes,
Gentes lindas engraçadas,
Que não vêm ver o Sol nascer,
A lua brilhando fulgente.
Que de fora olha para dentro,
E espreita se há gente, 
Que espera por nós.
Escuto uma voz lá ou longe, distante,
Não sei se seria a lua murmurando, 
Que lá continuava brilhante e fulgente,
Sem me acenar ou gritar,
Percorri ruas e ruelas, becos vielas,
Sem ouvir qualquer voz, murmúrio ou gente.
Fui até à beira de água ver o rio passar,
E neste Tejo meu, que faz cidade,
Para ver se via algum barco agitar,
Se balouçava e debatia por gente levar,
E barco não vi sair, ou barco a chegar.
Cidade morta de gentis gentes.
Que nem os lampiões sozinhos e brilhando,
Davam vulto a vida de gentes. 
(Carlos Fernandes)
 
 
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