Uma Pintura Tua Em Meu Painel

Uma ousadia quase discreta
Uns lábios de favo de mel
Um corpo que tanto te enfeita
Aguardando por ti ardil e fiel
Um abdome valeroso como níquel
Um poema sou, da tua caneta

Um olhar ágil como atleta
Um anjo que vende teu cordel
Um amor bomba que não rebenta
Uma Pintura Tua Em Meu Painel
Uma alma de papel que fez teu pincel
Um homem teu, que te completa

Um silêncio que o nada recita
Um recanto viloso num corcel
Uma nudez tão quase perfeita
Um céu apenas para ti; palpável
Um poema não pouco louvável
Um vilão teu, c'um coração poeta

António Vicente Aposiopese

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