UTOPIA - II
UTOPIA II.
Mais uma vez, busco-te e choro,
por te poder achar
Por onde andais?
Bruta realidade tão dura e nua
No silêncio, em redor
ouço a noite no céu a estalar
Cedo a vida ao destino e ao tempo,
entrego a morte
Porque choro eu?
Se este sonho é meu, utopia crua!
Um sonho de visões dilacerantes,
estranho sem norte
Acalento em meu delírio ardente,
que a tua imagem o destrua.
Deixai que a quietude do silêncio
invade a minha alma
Sou um ser, voltado ao seu interior,
na procura do que perdeu
Percorro introspetivo,
na penumbra que me acalma
Trago na mente a utopia,
de uma espera que me enlouqueceu
E a noite alberga pálida a Lua
como um fantasma que se refugia
De raios incertos,
a pratear na solidão da natureza morta,
Um rasto luzente flutua,
por trás dos ermos túmulos, um dia
Quem me dera morrer risonho,
ao encontrar-te à tua porta
Fitando a nublosa do sonho
num delíquio de ventura louca
Na bruma, vai-se minha alma
toda nos teus beijos,
Morto na utopia,
ri-se o meu coração na tua boca!
João Murty