Vadiagem
Corpo de texto vadio em espírito leve,
memória incessante da vagabundagem dos pensamentos,
onde o sangue queima a veia do poema.
Quanta vadiagem cifra os sonhos quentes dos Amantes,
quanta nudez toma a liberdade de ti,
quantas paixões navegam aqui,
digo-te hoje que o desejo vagueia no vazio
da onda fantasma da ilusão.
São rasgões estranhos entre o temor e o espanto,
suturados de Amor na respiração anfíbia da Aurora,
de perder-me tanto na melancolia oceânica.
Vagões de nevoeiro em fogo transbordam a sombra da vadiagem,
perfuram o teu olhar distorcido que delineá o meu corpo,
queimam os lábios perdidos,
amarram as mãos que tentam confessar o desvario.
Livro de quimeras perdidas,
cada dia uma página rasga a vadiagem deste Amar
que me enraíza no vento
da passagem da lua da verdade.
Gila Moreira