Vida

I - Crânio
 
Matéria arranjada por átomos, selecionadas perfeitamente em conjunto de energia. Personalizado por evolução, como uma escada que nos eleva a limites não tangentes, nós somos uma entidade. Um material pesado, formalmente esdrúxulo, poeticamente macabro, de aparência sarcástica. Sempre a sorrir, o palhaço sempre esteve em nós. O humor é o espetáculo reprimido, vivendo na sombra de um véu: os homens são mulheres traídas querendo amaldiçoar seus maridos, enquanto dançam no balé desse circo simultaneamente calejando o dedo na afoita aliança em seus dedos.

II - Consciência
 
É bem simples, você, eu, transitórios feitos temporais que perturbam os pássaros de todo céu, e ensurdece as crianças seus broncos raios sonoros, porém uma hora vai embora. Nós somos Um, mas temos a indolência de negar. Parasitamos nossa mãe, matamos seu corpo, deformamos sua aparência, nos alimentamos de suas dores e ainda congregamos a nós como sujeitos especiais. A vida é uma ironia, mas é uma boa ironia. Você entre galáxias, planetas, dimensões, possibilidades e incertas, é único. Você é nada feito grão de areia, mas você é tudo por ter ciência disso. A natureza que mata, isto é, você se suicidando, é uma tragédia que infelizmente não terá um final feliz; pobre homem que se sujeita a separar o ser e a natureza; não és uma Antígona! Todo e qualquer problema ou beleza que você já viu na natureza são partes de ti. O preço é muito alto a se pagar e não terá fortuna necessária que compense esse mercado existencial.

III - Finitude
 
Tudo o que é ótimo precisa ruir, a escada que você evoluiu enfraquece a cada pisada. Isso é tão triste, mas faz parte. Há quem acredite que isso é como um jogo de cassino, onde o Samsara vai girando e novamente viveremos tudo isso até quando for necessário. Outros concluíram que haverá um retorno ao Kether/Absoluto, onde os galhos das árvores vão definhando junto a nós, macacos evoluídos pulando e pulando até chegar no topo nessa vida. Conduza valer a pena, apenas contemple o todo, não haverá ninguém como nunca esteve. Retire seu véu, fique nu para a vida, afinal, você nasceu assim, não há razão para esconder isso. O sopro da morte é um tornado que vai deixando famílias pouco a pouco sem um ente, então tente aguentar esse sopro; agarre-se em algo, mas solte quando der, lembre-se que o apego é o que faz o seu crânio rachar lentamente. Ele é uma areia movediça que suga feito buraco negro todo e qualquer grão de areia como você ao redor.

 

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