a vida e eu...

a vida e eu...

O tempo marcou-me as feições
nas palavras deixo a mágoa
trago sonhos e ilusões

e os olhos rasos de água
pareço pássaro aturdido
com a luz do entardecer
por entre a folhagem escondido
vou deixando acontecer.

Trago a saudade no peito
como se fosse feitiço
para o qual não há jeito!
Assalta-me a qualquer hora
é viagem onde me perco e me invento
me alegro, entristeço,
e anoiteço,
quando de mim se assenhora.

E tudo em mim adormece
como se voltasse à infância
nesse tempo ainda cedo
onde nada tem importância
onde não existe o medo
onde se esquecem as horas
e não há marcas no rosto.

A vida tem de justo e injusto
traz a cada manhã nascida
o segredo dum novo dia
de amargor ou de alegria,
a vida é lâmina de punhal
onde ora estamos bem,
ora mal...
eu no sonho me penduro
esqueço o suor da corrida
desprendo-me do tempo
e dos invernos da vida.

rosafogo
natalia nuno

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Comentários

Esta relação entre vida e tempo é muito interessante, quando abordado. É um pouco triste a forma como o tempo governa a vida, impõe suas vontades, torna a gente tão impotente. É triste saber que há tempo para tudo, quando os momentos felizes poderiam ocorrer o tempo todo.

Parabéns pelo belo poema, Natália!

Só agora me apercebi de tão belo comentário, digo belo e interessante, porque por aqui não vejo grande capacidade nem de comentar e nem de responder aos comentários...como andei viajando demorei mais nas respostas, peço desculpa.
Quanto ao poema fico grata pelo apreço, de facto o tempo do esplendor, da juventude passa como uma brisa, depois surge o tempo do cansaço onde vibra a corda da saudade que aperta a dor. no entanto ainda há que sonhar...

abraço
boa semana.