Zé-da-Burra...
Por alguém de sua terra,
(Beirão de nomeada)
E que é nosso colega,
Me foi esta história contada.
E por tanta piada lhe achar,
Registe-se aqui “Ti’ Cabrito”,
Já que apenas vou contar,
O que por ele me foi dito.
Do Zé-da-Burra, a história;
Ouvi um dia contar.
E para que se guarde sua memória,
Versejando a vou narrar.
É esta a história do Zé da Burra,
-Seu conterrâneo afamado-
Para outros Mama-na-Burra,
Como então era chamado.
Parca de leite para o gaiato,
Sua mãe ouviu dizer,
Que também bom, e barato,
É o de Burra, e faz crescer.
Já na aldeia se dizia,
Que o leite de Burra era potente.
Que se crescer o Burro fazia...
O que não faria com a gente?!?!
E assim o bom do Zé,
Com o de Burra foi criado.
Cedo, andou pelo seu pé.
Sozinho e desagarrado
Forte crescia o “animal”!
-Tal a sua natureza.-
Ninguém duvidando que tal,
Se devia ao leite, com certeza.
Aos cinco anos, rapazote!
Já arrotava a preceito.
Dava “couce” e “pinote”...
E tinha já cabelo no peito.
Admirado era o “pirralho”
-De tal forma bem dotado-
Que era o cabo de um trabalho
Passar sem ser notado
No início por todas era cobiçado,
Chamaram-lhe:- “Poderoso Aríete”.
Mas depois de experimentado:
“-Raios partam, tal Cacete!”
Quando convenceu a primeira
Nem imaginava a coitada
Que não era brincadeira
O que do Zé da burra se falava
Grandes foram os estragos
Quando com ele brincou
Ele não era homem de afagos
E ela semana e meia não se sentou
Ora falou-se na vila inteira
Que havia sido por demais
E que no fim da brincadeira
Ela disse-lhe vai e não voltes mais
Ora sabendo da aventura,
Todas as outras se lhe negaram.
Coitado do Zé da Burra...
Que a tal desterro condenaram.