SOLIDÃO
(A insónia prolonga-se no tempo e a utopia flui no destempero da poeira palpitante)
Lavro o destino nos dias que não resistem
Às noites amantes, que inusitadas, caem
Pérfidas, incompletas e imperfeitas.
No entardecer reentram as noites e insistem,
Que partindo, prostituem a verdade e saem
Deixando no seu encanto, ilusões desfeitas.
(Esconjurado na incauta génese da ilusão, queria por um momento só, ser sonho. Sonho de luz angélica e exultante)
Assisto a mais um escurecer do dia
Ao longe, o sol se esfria no ocaso a tremular
É ritual de partida, eco de cântico mudo.
A mente é um vaivém em dispersada melodia
Ao ritmo da noite, os sons convidam a dançar,
Com a agra solidão, vestida de negro, veludo.
(Dizem as arcanas vozes dos espíritos, que tu e eu; fomos sombras cobertas de cio)
No reflexo do meu ser, em matizes inanimadas
Vai a memória das eras, descolorindo amarguras,
Camufladas nas conjeturas paridas na tentação.
Um brado louco urdido em ruidosas gargalhadas
Desmoronam frases feitas, promessas de juras.
Meu riso, invade teu mundo, é o som da resignação.
(Errante neste universo de solidão, apenas levo um punhado de versos escondidos no tempo fugidio)
João Murty
04-11-2016
(Foto: Luís Leitão)
Comentários
Frederico De Castro
Dom, 04/12/2016 - 11:57
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Parabens por um texto soberbo
Parabens por um texto soberbo
De facto a solidão torna-se quase sempre a
imagem de marca do poeta que clama num mundo resiganado
Abraço fraterno
FC
josé João Murti...
Sáb, 23/09/2017 - 16:03
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Obrigado FC
Grato meu amigo Federico, pelo seu comentário.
Um grande abraço
João Murty
Madalena
Dom, 24/09/2017 - 03:59
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"A solidão é professora
"A solidão é professora ensinou-me muitas coisas, inclusive falar só quando ganho oportunidades. Estar calada quando não me é, permitido falar.
Ensinou-me a conformar com o que tenho, o travesseiro, à noite resmungar.
Baixinho pra niguém me escutar".
Madalena Cordeiro