Quando já não há brigas

Quando já não há nem brigas
(Jorge de Azevedo)

Quando procuramos em cada esquina
Um motivo para não voltar
É sinal que o amor
Deixou de ser importante.

Quando encontramos nas mesas de bares
Razões fortíssimas para não ir,
A paixão sinaliza a perda do viço
E a saudade deixou de existir.

Quando isso tudo acontece
A melhor solução é correr,
Ir de encontro à intempérie,
Lutar contra a correnteza.

É hora de encontrar outros braços,
Se afogar em outras bocas
E mergulhar de corpo e alma
Em outros corpos.

É hora de sentar-se diante do computador
E procurar via internet, emoções perdidas,
Na rotina de um relacionamento
Falido por causa de tantas falências.

Quando isso acontece, não adianta se mostrar forte,
Tentar ser valente e coerente... Tudo acabou,
A gente quer fingir não ser verdade,
Mas, a gente sabe, tudo acabou.

Tudo morre um dia, tudo se deteriora,
O corpo se deteriora, a mente, as emoções.
O amor, o desejo, a paixão,
Aquela vontade de estar sempre junto.

Já não há cumplicidade para os erros
E nem alegria para os acertos.
Já não há mistério sob a lingerie
E nem vontades sob o pijama.

Quando tudo isso acontece
A única vontade que sobrevive
É ficar nos bares até mais tarde
E procurar nas esquinas, motivos.

João Pessoa, 24 setembro 2004

Género: 

Comentários

como é doloroso o encontro

com os desencontros...

 

Saudações!

 

_Abilio

Encontros e desencontros.
Vidas que se perdem após terem se achado.
Como viver se morre dentro de cada um, a vida, depois dos elos rompidos?

É, quando chega esse ponto, tudo acabou, talvez nem amizade restou!

 

Abraços

A amizade é o primeiro elo a romper-se, quando se chega a este ponto.