o silêncio das pedras
Não desmereça o tempo
em sua face menos visível
atua o ínfimo
Teu poder absoluto desafia os mares
e teu cálculo impossível
entrega aos céus o meu destino
Todas as pedras me contam algo
até mesmo as pisadas que viveu
quando ainda meninos
subiam nos barcos piratas
e descobriam outros mundos
(tesouros secretos de casas amplas)
Meus austeros passos
derramam meu sangue pelo caminho
E o tempo
aquele ser indizível
e indivisível
seca, no chão,
as gotas antes úmidas
E depois,
por mágica extrema
ela se desfaz
Somem seus vestígios
e nem os menos cegos
vêem sequer o seu contorno:
desaparece,
se transforma,
existe espalhada nos pés
Naqueles todos os pés
e em milhares de partículas
desunidas em últimos passos
E por ser assim
desfeito em navios
é que meu sangue desaparecido vive
Cada pedaço em si
sabendo que pertence a um todo
gota de sangue
Minha dor remanescente
caminha partida
e vive arrastada pelas solas
Mas resiste à morte e jura
solenemente em nome da matéria
a união novamente
provavelmente
numa silenciosa pedra pisada.
Comentários
Luis Filipe Ginja
Dom, 03/02/2013 - 17:08
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Procuras a Harmonia no Cósmos
Procuras a Harmonia no Cósmos ? Adorei...
Clarice Lis Marcon
Dom, 03/02/2013 - 17:14
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é sim
é sim
vejo-nos a todos inseridos no mesmo todo:
universo, cosmos, infinito,
o TODO.