NO CU DE JUDAS

NO CU DE JUDAS

 

Fui ter

Ao Cu de Judas

A ver

O mano Fernando

Sete vezes fui a pé

Sete vezes

Fui andando.

Ah! Rapaz

Que não me ajudas

Era mesmo

No Cu de Judas

Bem além

Da cúpula

Do Convento.

 

Não invento,

Era mesmo

Verdade.

Passei

As sete rotundas

Dos meus

Sete martírios

E nem rosas

Nem lírios

Pararam

O meu sofrer.

Sete dores,

Sete espadas,

Sete copas

Para ver.

 

Sete amores

Lá passaram,

Sete sonhos

Que cavaram

Sete túmulos

Para morrer

E verdade

Não te iludas!

Moras mesmo

No Cu de Judas.

Sete curvas

Encantadas

Sete cordas

De enforcadas,

Mas meu caro

Não te iludas

Tudo fica

No Cu de Judas.

 

E como dizia

O mano Paulino

Quando o tino

Perdia,

Era lá,

No Cu de Judas

Que todo

O mundo se cozia

Pelo medo que havia

De ficar

Ao pé do Judas!

Sete rosas

Me prometeram

Se voltasse

Ao Cu de Judas.

Sete ameaças

Me fizeram

Para as sete

Bostas tirar.

 

Sete raivas

Em mim cresceram

Pare sete guerras fazer.

Sete diabos

Me apareceram

Sete vezes recusei

Os sete mantos

Que me deram.

Oh! Mano

Não te iludas,

MAFRA  fica além

Do Cu de Judas!

Sete flores

Sete receios

Sete coisas

Para pensar.

 

Sete vezes

A boca calei

Por sete medos

Conhecidos

Não fosse

O coração chorar

Pelos sete amores

Que lá deixei.

Sete vezes recusei

O amargo

Do que amei.

Conclusão

Meu irmão

Não te iludas

Moras mesmo

No Cu de Judas!

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Comentários

Vibrei com o seu poema Ezequiel, Cu de judas é bem longe, mas o ritmo e a melodia num elegante compasso está mesmo aí.

Gosei imenso ao fazê-lo! Foi feito à noite, em Mafra, no Café da Vila, soboreando um bom wisky! Tem de facto muito ritmo!

Obrigado por ter lido e ter gostado1

ezie