Abandono (revisado)

Ontem morreu a última das acácias.
Seguiu o destino dos outros abandonados.
Antes, foram alguns poemas,
algumas figuras, algumas cores.
Algum contentamento.

Na casa, nada mais ecoa.
Nenhum riso quebra o silêncio.
Tampouco algum choro,
pois estes secaram
como os rios que
os homens aterraram.

Os amores se foram.
Alguns lentamente.
Outros, com a urgência
de quem quer esquecer.
Deles, alguma lembrança ficou,
mas todos os rostos vão se fundindo
em apenas uma face distante.

As crianças se foram.
Estão longe. Mudaram de Mundo.
Cresceram. Esqueceram.

Foram-se as ilusões,
as vaidades, as esperanças,
os medos, as desilusões.
Tudo passou.

Resta o mofo,
resta o abandono,
resta a espera.
A última espera.

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Comentários

Fábio

Parabens, belíssima poesia Abandono. Estou maravilhado com o lado reflexivo da mesma.

Grato por me aceitar como amigo mesmo que virtualmente, sempre pode-se trocar idéias.

Abraços

Billy Brasil