Guardiões do tempo

GUARDIÕES DO TEMPO

Tu és o guardião do tempo,
Cobres ao meu lado esses gritos
De estandarte ao vento,
Lanças a ponte entre nós e a tormenta
No teu relógio sem horas profanas
A mágica alquimia dos ritos
Soam como um lamento expirado
Ronronando na tarde pardacenta.

A minha nave estática intranquila
Vagueia no mar do inverno ao desabrigo
Em águas revoltas permanece ao perigo do inimigo
Num crepúsculo sem luz assalta o entardecer
A noite se esmaga na terra,
Chegando aos meus ouvidos
Aquele eco frio e tenaz que massacra os sentidos
Num redopio, alguém sem querer
Atrai a Gafanha e sem saber
Na sua sorte beijou a hora da morte.

A eterna mente,
Ainda encerra o eco frio e o sabor da terra
Que se cruza nesta vida descontente,
Esvaída por uma quimera
E o seu pranto cioso do silêncio
Em lagrimas de chuva se esvanece
Por entre muros de olhares submersos
Florindo arbustos de bagas rubras e violetas
Um prado de odor intenso
Ser e matéria, razão e senso
Astrolábio de estrelas incandescentes
Na noite de Primavera
Guardam o silêncio do tempo
Onde os dias se afastam dispersos.

Somos filhos do tempo, guardiões do silêncio
Do teu, do meu, de muitos a quem nada importa
Coabitamos com as dores, que volteiam o véu da inercia
Trespassando de forma calada profunda e lenta
E os teus medos acorrentados nos elos de cor cinzenta
São anéis da nossa ponte tecida em corda.

Rasgo o meu silêncio por entre os odores de cravo e pimenta
Mordo o lábio sentindo arder no peito essa luz turva
Um desconhecido desejo de ignoto e estranho fito
Do silêncio em lagrimas de chuva
Que jorram melancólicas do infinito
Por entre olhares cruzados e submersos
Percorrem em silêncio a ponte da tormenta.

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Comentários

Se não conserguirmos ser guardiões do tempo,
devemos ser guardiões dos nossos
sentimentos e revelá-los somente a quem merece saber.

Comovente o poema!

Gostei e muito!

Abraços!