MENINO POETA
MENINO POETA
Menino poeta, de olhos cansados, escutando, os sons roucos das
palavras sem nexo nesta escrita de loucos, deste poema corrido, onde a
perseverança é nublada por pensamentos vestidos de negro, decantados
na desilusão da espera e trajados em crepúsculos pálidos da incerteza.
As frases dos teus poemas jazem vencidas caídas, varridas, para
esse abismo profundo de solidão. E a sorte, essa, amarga e profana até
na morte, cai em mergulho profundo, asfixiando-se por entre ais e
lamentos numa mortalha lírica coberta por aromas de cedro e de rosa.
Nada mais resta, apenas perpetua o barulho rasgado do silêncio
dilacerado por sons imaginários, que bramindo corre no rio do
pensamento, envolvendo lentamente a tua alma numa monotonia
latente de escrita, sem fio de versos, sem espaços em escrita de prosa.
Poema escrito no luto, inspirado num tempo devoluto e sem
sabor, de traje negro te venera, declamando estes versos à nossa dor.
É uma tristeza sentida. É uma lágrima que cai.
É a voz que já não fala. É o corpo dormente.
É a amargura da vida. É a esperança que vai.
É a pena que cala. É a fuga para a frente.
É a agrura sentida. É uma luta sem sorte.
É a tinta que goteja. É o tinteiro que cai.
É a sina da vida. É a gadanha da morte.
É o anjo que beija. É a alma que sai.
É o sono profundo do menino que cedeu.
É o sonho sem mundo do poeta que morreu.
João Murty
Comentários
Henricabilio
2ª, 24/03/2014 - 19:09
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das palavras, como íntimo
das palavras, como íntimo dos sentidos,
brotam as mAis profundas emoções sentidas.
Bela prosa poética!
_Abílio
josé João Murti...
2ª, 24/03/2014 - 22:31
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Obrigado Abilio pela visita e por ter gostado do poema.
Este poema foi declamado no Casino Estoril - Salão Preto Prata, no decorrer do lançamento da obra Antologia de Poesia Portuguesa Contemporãnea "Entre o Sono e o Sonho - V edição", da Chiado Editora. A antologia tem cerca de 1.400 páginas (tomo 1 e 2), mais de 1.000 poemas e igual nº de autores.
O poema foi esolhido para ser declamado no evento.O actor convidado que o declamou, com a sua voz grave e tempo de espera bem colocado, potenciou o poema, gerando um momento lindo de poesia.
Um grande abraço Abilio e obrigado pela visita.
João Murty
Madalena
3ª, 25/03/2014 - 00:17
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Mérito! Lindo o poema
Mérito! Lindo o poema declamado!
Parabéns!