Veleidades

Pressinto-te,
nas cálidas águas
que as nascentes segregam,
no leito que banha os sentidos
e me molha de sonhos atrevidos.

Imagino-te,
corpo embriagado de nudez,
deleitosa, à mercê da folhagem
abandonada à terra quente
e odor inebriante pela aragem.

Desejo-te,
fêmea lasciva e ardente,
minha amante sem demora…
E és ânsia que me esgaça,
mão insolente que devassa
a vã solidão que me devora.

Na margem onde arde o pecado
profano é o fogo que trago
quando me afago por ti…
Ansiedade que consente
buliçosos movimentos
que se soltam na corrente…
_E são já os teus dedos,
tua boca, teu afago sensual,
meu desejo em desvario
no vazio que a alma sente,
ilusão que em mim se despe
nesta inocência carnal,
que é seiva no meu corpo
néctar de amora silvestre
teu rasto de corça com cio
galgando as pedras do meu rio.

Rui Tojeira
Pintura 'Joe Bowler'

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Comentários

Gostei muito de ler o seu poema, Rui Tojeira. Está muito bem estruturado e proporciona uma leitura bastante agradavel.

Um abraço,

Helder Oliveira

Obrigado caro Helder pela apreciação.
Um abraço amigo.