Céus perdidos
Autor: Frederico De Castro on Monday, 27 April 2015
Quando eu souber
acreditar
que foi esta inspiração
sôfrega
que assim nos uniu
cegamente desafiando
razões ou pareceres
abrigados em tantas
das nossas felizes maluquices
descansarei então finalmente
meus medos
secretamente arrumados na escrivaninha
onde repousam marginais
e inevitáveis
tantos dos nossos deliciosos segredos
alguns talvez até em fase terminal
Quando perder os teus céus
encetarei novamente
o caminho de regresso
ao mesmo enredo fiel
em que depositámos
ilusões rotineiras
sensações passageiras
tempestades de tempo transbordantes
e derradeiras
até que pereça toda a saudade
milimetricamente intemporal e a nós sujeita
Quando na soleira do tempo
me sentar
esperando paciente o dia chegar
reformo de vez
as crenças divagantes
meus esconderijos amadurecidos
no consolo de tantos abraços
fortalecidos na canseira mitigante
Proporei aos céus
perder-me eu
pelos teus corredores de vida elegante
fotografar-te velozmente num zoom
descontraído
onde colecciono teus beijos
indecifráveis e ofegantes
Situar-me feliz
no teu colo retumbante
porque assim sinto
teus castigos dóceis
aflorando minha solidão
inteira
inevitável
mas quem sabe…irrevogável e passageira
FC
Género:
Comentários
josé João Murti...
2ª, 27/04/2015 - 18:54
Permalink
O Céu é o limite
É preciso ser poeta, ser sensível, ter uma visão muito além do que é material e sentir este ser e não ser, para desfiarmos poemas e prosas. Por vezes as palavras encontram um bocado de nós e com elas os caminhos do Céu. Os ecos emanados pela prosa/poesia do Federico, é estribada de grande sensibilidade e grandeza . Um abraço, João Murty
Frederico De Castro
3ª, 28/04/2015 - 10:03
Permalink
Obrigado pelo comentário
Obrigado pelo comentário amigo e
poeta JMurty. É a poesia que nos faz
viver e ter por vezes desejos celestiais
Um abraço
FC
Madalena
3ª, 28/04/2015 - 18:50
Permalink
O poeta ou poetisa, sofre
O poeta ou poetisa, sofre tanto, que Deus os presenteia com a poesia.
A poesia vem até nós e não nós, até a poesia!
Abraços poéticos!