Olissipo
Sabe ao Tejo e sabe ao sal
e sabe à excessiva alma
de que é feito Portugal.
Tem gosto a eternidade,
ao que é velho e ao que é novo
e ao deslumbre e a saudade.
Cheiram a luz e a brilhos
suas colinas que o sol doira,
Raiada de becos, trilhos,
escadinhas, largos, travessas...
Há em si tanto mistério,
traz nela tantas promessas.
Esta urbe miscigenada,
que é só igual a si própria
e de todo o mundo arraçada,
Tem a volúpia da mulata,
a invulgaridade mourisca,
e a finura duma alva nata.
Respira-se o Fado nas tabernas
Com essa brandura e a tristeza
de que são feitas as coisas ternas.
Duas pontes, que são suas pernas,
atravessam, compridas, o rio
em dobrado abraço... Tão fraternas!
Cidade de minhas fantasias,
aqui me encontro e me perco nela
e nas suas idiossincrasias...
E o colorido do casario,
alegre adorno de sua face,
tinge as telas de quem pinta o rio.
Que outra cidade, senão a Branca?
Esta Olissipo que me agarrou
e me pôs no coração uma tranca...
E o romance que no seu céu voa
carrega o ar de dez mil odores:
E cheira bem, que cheira a Lisboa.
Comentários
Madalena
Sáb, 19/03/2016 - 17:43
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Muito lindo! Gostei! Abraços!
Muito lindo! Gostei!
Abraços!
Sílvio Alves
4ª, 10/03/2021 - 18:15
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a eterna Lisboa belo
a eterna Lisboa
belo