Amor

TEMPO QUE NÃO ESPERO

Falsas, pesam todas as minhas dores,
firme, digo ao céu as minhas preces,
vivas, olho bem as minhas cores,
fortes, vaias brilham em minhas teses.

Traço em sonho, só, meu dom sublime
em linha reta, o que em mim se escreve,
e, mesmo até que, enfim, o amor não rime,
longo tempo a fim, é pouco, se faz breve.

Feio gesto, ao final de linda festa, surge,
velho em seu porte, o claro ser se apaga,
com doçura incerta, meu momento urge
nesse tempo, que ao passar por mim, me afaga.

Quando me lançaste do teu peito

O amor que nos envolveu foi mais intenso
que as profundezas das luas infinitas,
divagando pelos tempos que se elevaram acima do deslumbramento.
Estrelas douradas enlaçavam-nos em encantos febris.
Quando me lançaste do teu peito,
sonhava que morria, tanta dor descia ao meu espirito num aperto azul profundo,
tão mortífero como uma espada afiada.
Quando me lançaste do teu peito,
numa brisa agradável a tua lembrança foi rasgada .
Assola-me agora a tristeza do céu-aberto,
onde a luz se passeia em mim como um quadro lapidado

SEMPITERNO AMOR

SEMPITERNO  AMOR

Não se apaixone por um poeta,

não ame um poeta, 

pois o poeta se compraz na dor, 

na dor do amor

que nunca foi,

na dor do amor que findou

sem nunca ter sido.

O poeta gosta de brincar de amor 

e de fingir que está vivendo 

um grande amor...

e, por acreditar, 

tem su' alma tomada por esse sentimento,

e por isso ele canta

e por isso ele dança

e por isso ele espalha palavras ao vento...

O poeta segue, cultivando o amor,

Fica, ainda

Nem eu nem tu abrimos mão dos destinos.

Tu foste em demanda de algo que não ouso perguntar

Eu atiro com força os braços ao ar, no desejo de

Fazer sombra antes que o meu tronco apodreça.

Contudo, fica comigo na tua saudade, no teu íntimo que sabemos nosso,

Igual, da mesma matéria, do mesmo cheiro, da mesma palavra.

 

Queda-te por perto, não afastes as palavras de seda

Que vertes daí, nessa ausência presente e onde respiras

Acordares angustiados de lágrimas em Nó. E quero-te.

Vigílias...

Quantas e quantas noites,
passei eu e tu acordados,
enquanto o amor se fazia,
nos nossos corpos enamorados...
foram longas essas horas,
mas passavam a correr,
eu engolia os minutos,
junto com o teu prazer...
perdi a noção do tempo,
ganhei a vida aos poucos,
enquanto como animais,
nos amamos que nem loucos...
Foram noites de vigília,
em que o sono não se deitou,
esperou pela madrugada,
e só nela se aninhou...
Quantas e quantas noites,

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