AMOR DE UM DIA
Autor: silute on Saturday, 29 December 2012
Nunca serei totalmente teu,
porque nunca serei totalmente meu...
Sou um erro, e errando me evito:
evitando-me nunca serei meu...
Sou um Sonho, profeta, Louco, Vidente, Fantasma, Santo, Anjo, Promessa, Porvir...
Sou o que quiserem ver em mim...
Não tenho família,
Sou em estrangeiro entre os meus...
Nunca serei totalmente meu
e nunca serei totalmente teu...
Estou no Futuro ou no passado,
à frente ou atrás...
Estou onde me quiserem ver...
Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!
Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma...
- Tantos escolhos! Quem podia vê-los? –
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!
Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...
Juventude presa
A tudo oprimida
Por delicadeza
Eu perdi a vida.
Ah! Que o tempo venha
Em que a alma se empenha.
Eu me disse: cessa,
Que ninguém te veja:
E sem a promessa
De algum bem que seja.
A ti só aspiro
Augusto retiro.
Tamanha paciência
Não me hei de esquecer.
Temor e dolência,
Aos céus fiz erguer.
E esta sede estranha
A ofuscar-me a entranha.