1-
não haveria o que falar
se as palavras fossem somente ditas
não, expressadas
2-
não haveria o que pensar
se a metafísica ocultasse
todas as interpretações possíveis
3-
não haveria a quem amar
se o amor renunciasse a seu intento
como um exilado voluntário
4-
não haveria o que sonhar
se o sonho contivesse sempre
um mesmo único sentido
Caminhar pelas trincheiras não prediletas
mesmo com o perigo de seguir adiante
porque dizem que tudo está bem
se há precisão no inferno e
não do céu estrelado clarear ?
alguns homens tem o mal como amante !
quero a estrela que cisma da noite
por não a deixarem perpetuar
sinceros são os votos do tempo
entre tantas guerras
brincadeira de criança
é faz de conta
e termina com o jogo de adivinhar
saudade que pernoita em mim
tem amizade com a solidão
A noite é um mau sinal, sim
O amor saiu da lista de espera
depois de tantas luas e penumbras no sorriso
o amor e sua eficácia veio ensolarar!
pois nem trevas impedem sua santidade
o amor estava desacordado
mas espera , que a vida é bela!
e o amor vai a ti chegar .
Imagina ter superpoderes,
Voar, sumir e transcender,
Delegar aos ímpios seres
Moral, decência a se ter.
Imagina ser um arquétipo,
Ser um símbolo universal,
Ser um motivo ético,
Para lá de transversal.
Queria ver um super-herói,
Também um vilão maligno,
Um motivo que corrói
O doutor do hospício clínico.
estava em busca
dos ferrolhos rompidos
no túnel vesgo
que não conduz à saídas
estava no invólucro
de um caramujo rasteiro
como a larva no casulo
rompendo a casca madura
estava coletando letras
para cunhar palavras urgentes
um sussurro qualquer inaudito
que me valesse o batente
estava meneando lustres
como aleluias possessas
no afã de capturar
seu lúmen e calor confessos
Os raios fortíssimos pausaram-me,
Alberto Caeiro jamais aceitaria
Mas, a Natureza rebelou-se,
Foi impetuosamente contra a poesia:
Os raios cegaram-me a visão.
Sem olhos (ou energia elétrica)
Não observo meus poemas,
Assim como não os sinto,
Nem os toco, nem penso, nem vivo.
A Natureza entendeu-me sozinha,
E sozinha cegou o azul do coração.
1.
estou a sós entre muitos:
indivíduo remoto
que não soletra a sorte
2.
não refuto a cautela
nem meus temores revelo
frente à ignomínia do caos
3.
sou atrelado ao meio
como uma partícula iônica
submissa às leis causais
4.
delineio minha esperança
através da observação
destas breves nuances
Eu sou uma aposta de Deus
em um jogo a ser burlado
em algum casino de cartas sinistras
uma boa destilada para animar
enquanto se jogavam as cartas do baralho
Vencer todo pesadelo
mais fácil mesmo o raio cair
com a mesma intensidade
o ano inteiro
papai bem avisou:
sem trabalho honesto
não há dinheiro certo
que se possa ganhar
No sonho eternal de Brahma
dorme as mazelas mundanas,
descansa no grande drama:
o fim das eras profanas.
Observando-se no éter
Ele experimenta e vê,
além da coroa Kether
Vos saúdam, Brahma! Ave!