Geral

viagem

Percorro milhas para te ver
Perco-me por entre
As densas árvores
Da floresta
Volto a encontrar-me
Pérfidas amazonas
Atacam
No limiar da floresta
De novo a sensação
De estar vivo
Deambulo pelo rio
De asfalto
Rumo à pirâmide
Irei só
Para terminar
A minha viagem.

insulto

Percorro toda esta avenida
As folhas rodopiam
Um passo em frente
Um guarda
Silêncio
Agora sentado
Faço um cigarro
O olhar atento
do guarda
Uma tocha
levanto-me
Levo a garrafa
Dou um gole
Soletro palavras
ao sabor da brisa
Um poema
Um ideal
Uma vida
Sigo
Dou outro gole
Bem alto
Bem do fundo
Grito

ontem

Ontem
Sim, ontem
um anjo
falou e disse-me:
- Deixai que vos pergunte,
porque vos atormentais ?
- Podeis dizer que sou novo,
que sou ignorante,
mas estou só.
- Quereis que acredite ?
- isso creio.
- Mentis e enganais
mas vejo para além dos teus olhos,
e a tua felicidade
está para além do mar.

liberty

A relva
manto de veludo estendido
Burgueses - gordos sebentos
bebericam o sangue de Deus
Orgias, sob cúpulas douradas
Loucos
velhos avarentos
diversão de crianças
No declínio da noite
uma criança descalça
Almas sem valor
Uma ave
morte
dor
lágrimas
sofrimento
Olho o filme
. . . de repente
Uma porta
medo
uma luz, dia.

Enigma

   Enigma

 Estranhas sombras que vagueiam sem um rumo ,

Como soldados que perderam a batalha !...

Serão fantasmas envolvidos pelo fumo

Na  vã procura d' uma fuga por atalhos !?

 

Soltam gritos surdos, gemidos...um lamúrio.

Mostram fúria, raiva, medos... mal contidos !...

Lançam queixumes abafados, em murmúrio.

E, nesssa atroz agonia...são consumidos !

 

Tão enredados nesse lugar de tormentos,

Confundidos em  seus próprios sentimentos,

Percebem quo o seu mundo mudou...s' esfumou !

ideal

Estou só
chove
o rádio liberta notas de uma composição musical.
Lá longe, quem eu desejo perto.
O vento está frio,
deambulo pelas ruas da maledicência.
Afogo as mágoas no absinto da vida,
fumo um cigarro.
Penso no passado,
nas amarelas tardes de Outono,
nos passeios à beira-mar,
e vejo o que perdi,
em busca de um ideal que ainda não encontrei.

Estrelas alinham-se como sinais de néon,
apontando na direcção da rua cósmica.
Procura a verdade na mente de um louco,
girando em direcção aos seus . . . 
desejos mais deformados.

Título do Poema: Tenho um vício lixado.

Título do Poema: Tenho um vício lixado.
Autor: © Arthur Santos
Género: Poesia e Poetas

Tenho um vício lixado.
há quem diga que é... tramado!

injecto-me
diariamente
constantemente
desenveneno-me
overdoso-me.

morro de amores
e ressuscito de amores.
pronto, confesso. injecto-me
até à ultima pinga.
na minha velha e usada seringa
cabem todos os poemas que eu quiser
e que consigo escrever.

Tempos e Tempos 2

Tempos e Tempos 2

 

Em algum lugar do tempo éramos amigos

O tempo reservou um tempo pra nos amarmos

Noutro lugar do tempo nos tratamos como inimigos

No tempo que vieram mágoas, não resolvemo-las

Chegou o tempo da nossa bifurcação

O tempo agora é de um pra lá, outro pra cá

 

Charles Silva

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