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Primavera

Primavera

Primavera chegou e eu nem notei, devo estar fora de estação. As flores do meu jardim me avisam que já é primavera, mas eu nem notei. No meu mundo ainda é inverno, em mim há uma era glacial interminável. Sinto frio, estou molhado da tempestade que ainda não passou. Mas o tempo já dá sinais que vem ai sol e céu aberto, pois a primavera já chegou e eu nem notei.

Charles Silva

Era primavera

Era primavera

Era primavera e o perfume das flores nos trazia um respirar mais aromático. Múltiplas cores vibravam sob a luz radiante do sol refletindo-se nas folhas das árvores e arbustos, poucas nuvens se atreviam a passar lentamente sem deixar que o sol tocasse a tudo e a todos.

Era primavera e uma revoada de pequenos pássaros orquestrava uma linda e melódica sinfonia no jardim lá fora. Apenas os pequenos macacos interrompiam a cantilena do passaredo nas árvores cheias de flores e frutos.

Aeroporto de sombras

Há sombras de aviões altos no chão espelhado
e, nos pés, sinto a fúria trepidante dos voos
rasgados (rasantes!) das memórias inventadas
em sonhos que ainda viajam pela minha cabeça.

Por vezes, paro no meio dos degraus
das escadas que elevam os viajantes à partida;
olho à volta e é como se sorvesse cada gesto demorado,
cada medo inconfessado, cada arfar de saudade
incontida no olhar húmido de tanta gente.

Outras vezes, se paro, vejo-te. E imagino que me sorris.

Amor é Amor

Amor é Amor

 

Preciso de um martelo

Para se forjar um ferro.

Para se ter um martelo

É preciso antes forjar o ferro.

Para se fazer um martelo,

É preciso outro martelo.

 

Quero fazer um círculo,

Tenho essa ideia.

A ideia de circulo não é o circulo

É apenas uma ideia de circulo.

É ideia.

Círculo é redondo, com centro circular.

Ideia é isso que acabei de falar.

 

Preciso de amor.

O amor não é o que eu idealizo.

O amor é amor,

QUANDO ESCREVO

         QUANDO ESCREVO

 

Quando escrevo, canto os meus mistérios

Acaricio os meus pecados

Beatifico os sonhos desperdiçados

E retifico os equívocos mais sinceros

 

Escrevo para levar a beleza ao sofrimento

Para comover o ódio

Para desentender o óbvio

Para fazer o silencio rir do lamento

 

Escrevo para acordar a dúvida

Para abençoar os céticos

Para priorizar os ecléticos

Para suavizar minha dívida

 

Quando escrevo, liberto os olhares

CADA INTEIRO

O agora não é mais nada,
foi tudo que foi para ser,
contudo, se põe de cada,
tudo que se pode ter.

O agora só pode ser
o tudo que vem do nada,
outrora se pôde ter,
o que é inteiro, em cada.

Metade do que se queira ter,
é tudo em frente do nada,
só o inteiro pode ser
a luta de cada em cada.

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