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Aquele amor

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Aquele amor

Eu sei que não mais devo falar
do nosso amor de outra hora,
Aquele em que vivemos, talvez,
sem ter lugar ou viés.

Eu sei, não se preocupe, eu sei,
não vou pedir de volta,
nem mesmo um pedacinho daquele beijo,
nem daquela lágrima
que te escorria pela face em dor.
Não te peço nada.
Só o meu olhar não resiste.

Olha, só quero lembrar aquela
embriaguez, as cores vívidas,
a beleza.

Só quero lembrar que vivi
e que foi com você, não outra pessoa.

Quem é que vai por aí

Quem é que vai por aí
aflito, místico, nu?
Como é que eu tiro energia
da carne de boi que como?

O que é um homem, enfim?
O que é que eu sou?
O que é que vocês são?

Tudo o que eu digo que é meu,
vocês podem dizer que é de vocês:
de outro modo, escutar-me
seria perder tempo.

Não ando pelo mundo a lastimar
o que o mundo lastima em demasia:
que os meses sejam de vácuo
e o chão seja de lama
e podridão.

Poeta...

Tu que filtras a beleza do mundo para as tuas palavras,
que vês muito mais do que olhas,
sentes muito mais do que te é permitido sentir,
dás da alma tua verdade,
do coração as miragens dos teus sonhos...
Fazes-me viver em tuas silabas,
morrer em tuas estrofes,
na tua poesia eu encontro teus olhos,
no teu poema eu sinto o teu coração...
envergonhas a hipocrisia do mundo com tua sensibilidade,
mostras a quimera desse mundo só teu,
levas-me pela mão sem nada pedir em troca,
não queres que te entenda,

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