Intervenção

Não é suposto

Diz-me como é suposto eu não gostar de ti?

Eu sei que não é suposto eu gostar de ti.

Mas nem sei o que é suposto sentir.

Sinto-te em cada batimento cardíaco, em cada movimento respiratório, em todos os pensamentos flutuantes que interiorizo diariamente.

Não sei se te amo, não sei o que tu chamas de amor.

O nome que damos às coisas é com cada um.

Misturar-me nessas nomenclaturas apenas me mergulha em confusão.

Tudo isto pode, ou não ser preenchido por uma questionável veracidade.

Ambiciono

Ambiciono alcançar algum amor,

Assumo a ânsiedade  assombrando a alma.

Assim aparece-me assustado,

Afogado aderiu à avareza,

Ampliada análise ao apresentar antigos assuntos.

Amputados, amarrados ao anonimato.

Anónimos aprenderam a amar alguém abertamente.

LÁ LONGE

Lá longe, longe perdido nas águas profundas
Do rio que corre, que passa entre as fragas
De seixos escorregadios onde sofro sozinho
No respirar de um simples suspiro de dores

Sede partilhada da tua boca sobre ondas
No desaguar da foz, andam as andorinhas
Nevoeiro de murmuro de uma oração ausente
Feita de argila estéril, seca de morno sangue

MÁGICO LIVRO

Sou um livro mágico
Que tu nunca leste, nem iras ler
Páginas recheadas de amor
Sou uma história que não conheceste

Disfarcei-me num livro de amor
Mas tu nem te deste ao trabalho
De olhar, de o abrir de o tentar ler
Se ao menos o tivesses lido

Terias amado e entendido o meu amor
Recebi abraços, sem ser os teus
Afinal escolheste outro caminho
E morreste sem teres lido
Ou vivido esse amor.

 

Vontade

Continua concentrado.

Não desanimes apesar da turbulência.

O destino é teu, persegue-o com todas as tuas forças.

Não hesites perante a oportunidade de avançares mais um pouco.

Continua concentrado naquilo que realmente importa.

Apenas precisas de ti mesmo para o conseguires, apercebe-te, vê, ouve, e faz.

Acima de tudo precisas de fazer, da vontade genuína de o quereres fazer.

Uma montanha de adversidades existe para ser conquistada, quão pequena por vezes aparenta perante um ato de coragem.

És tu, e a tua vontade.

Luz de Lisboa

Não tenho tantas qualidades quanto queria,

Ainda não sou o que sonhei.

Como é que eu irei conseguir ter sucesso?

A poesia não é rentável na indústria literária, até vocês admitem.

Como posso eu ignorar o facto de não haver paciência para poetas?

Se fosse só paciência era bastante bom, mas aliado a isso vem a falta de tempo, pior ainda, a falta de interesse!

Ah! Essa falta de interesse aniquila-me a esperança!...

É perigoso ser poeta, as ameaças são várias, de todas as formas, e constantes.

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