Salutar oração!
Autor: DiCello Poeta on Friday, 16 August 2019Eu não lembrava de nada
Eu não lembrava de nada
transporto-me até à fronteira da misantropia para examinar uma imensidão de conceções que me descontentam porque interferem na minha liberdade minando as raízes do meu pensamento.
sigo os passos da intuição dentro das lustrosas vagas que conquistam o meu pensamento barrando aqueles que obliquam pela minha vida como parasitas carunchosos ou como flores dengosas e adulteradas.
o desembaraço da impostura sobre os escolhos da solicitude e os receios que atravancam a nossa felicidade; e tudo o que é difundido nos noticiários como elixires concludentes ou que é trauteado em canções ingénuas derramando na vida as suas palestras afetivas.
estou nos meandros dum conflito onde os parâmetros da riqueza se medem pelo frenesim duma labuta que protela o nosso bem-estar e que embrulha a nossa alma na vulgar contrafação.
a vontade de suturar os versos com uma agulha desmedida buscando uma filigrana essencial ou imaginando dolorosas convulsões que os transformem numa distinta poesia.
a dor é um sintoma que a providência transporta até ao poeta quando ele ausculta as exaltações que a malignidade vai engalanando e que geram o desatino na sua consciência.
o tempo atordoa-me quando endurece as dúvidas inscritas nos meus desejos culminando anos de imperícias mundanas; e quando teima em abrir o leque da monotonia para me livrar dos afazeres que circulam pelos carris do desespero.
poetizo as agruras inseridas nos tratos quando a minha comunicação adverte para os tentáculos que ornamentam o poder questionando as suas derivações estrondosas com os pareceres que brotam das suas disputas vorazes.