tergiverso pelas estradas da alegria para me estabelecer no chão derradeiro onde recupero a liberdade; transponho o infortúnio para poisar onde a mistificação não existe nem a transparência das náuseas deturpando as minhas convicções.
Velas e velos
Rezo eu ao pé da vela,
que aquece o destino dos homens
velado e acreditado.
Iço as velas de meu barco,
velas verdejadas pelos mares,
pois venta forte rumo ao infinito.
Velo meu cachorro que morreu,
querido companheiro,
que já se encontrou com os seus.
Deito no velo de lã branca
que tem o cheiro das pastagens,
logo acordo cheio de coragem.
Um velo de transparência minguada
me cobre a face desfigurando
a imagem do universo.
Cópia visceral
Perco tudo até a cabeça
Embora creia que a cabeça
Seja a única coisa que
Não devo nunca perder
Mas perco também os pés
Os braços e as vísceras
E todas estas perdas
São programadas pelo destino
Que me atrai feito imã
Com atino me dedico
Estou a procura de outras
Cabeças, pés, braços e vísceras
Que poderiam ser melhor
Ou compatíveis com as minhas
É TARDE
É tarde!...
Pega na sacola e vai...
Corre para a escola…
…e tu queres ficar…
É tarde!...
Agarra nos livros e vai,
Vai estudar…
…e tu queres brincar…
É tarde!...
Continuar...
Muito prazer...
Eu sou o abismo, eu sou abismal
você é raso como vazo de cristal
sou profundo no olhar que
perde os olhos que não querem voltar.
Você se perde no desespero de si
eu me encontro na profundidade de mim
temos caminhos opostos no visual
mas somos unidos além do normal.
Chega pra perto e veja que certo
é meu corpo no encontro do teu
venha e se desespere na procura
das formas de encaixar-se no além céu.
Sem reclamos
